Quando surgiu em 2001 como candidato à autarquia, o então vice-presidente Ápio Assunção era o candidato natural do PSD, pois tinha a seu cargo todos os importantes dossiers e era considerado o “homem certo” que sabia qual o rumo a dar ao concelho.Todavia, para além da fragilidade em ceder a alguns interesses particulares, cedo se percebeu que não existia qualquer outra estratégia sustentada para a resolução dos problemas que ainda hoje nos afligem. Foi um mandato marcado por episódios de óbvia má gestão, conduzindo o município a uma dívida galopante que, em 2005, já ultrapassava os 56 milhões de euros.
Atempadamente criticada, salientam-se três exemplos que são também a principal marca desta gestão: a venda dos estaleiros de obras municipais que, além da perda patrimonial, só em rendas já custou ao município cerca de meio milhão de euros; a ausência de um plano de avaliações e expropriações de imóveis, o que levou a que não fossem salvaguardados os legítimos interesses do município e se adquirissem terrenos por valores claramente acima dos praticados no mercado; e, finalmente, a indiscriminada admissão de funcionários que permitiu que se passasse de 535, em 2001, para 658 funcionários em 2005. Isto sem contar com as várias avenças, algumas delas bastante chorudas.
Todo este percurso foi acompanhado e “aplaudido” por Hermínio Loureiro que presidiu à maioria PSD na assembleia municipal.
Em 2005, continuando a estratégia do “caminho certo”, o PSD apostou de novo em Ápio Assunção. Percebeu-se, então, o início de uma mudança no eleitorado oliveirense. Ao procurar o reforço da sua maioria, este partido acabou por perder um vereador e por ver reduzida a vantagem dos seus deputados na assembleia municipal.
Condicionada pelos graves erros cometidos no passado, sem capacidade orçamental e refém da satisfação de interesses particulares, o actual mandato continuou a pautar-se pela ausência de importantes decisões que permitissem o desenvolvimento sustentado do município.
Com efeito, este mandato ficará vincado por três marcas de deficiente gestão municipal: negociação falhada de uma parceria público-privada que, sem de um estudo sério e estruturado sobre a sua viabilidade económica, propunha soluções para problemas cujo adiamento nos têm custado muito caro, como é o caso da construção dos estaleiros e do edifício dos Paços do Concelho; a ausência de decisão no que diz respeito à conclusão da revisão do PDM, continuando a assistir-se a uma gestão errática do território que assenta em cedências a interesses, persistindo graves erros que permitem autorizar a construção de armazéns e fábricas no perímetro urbano; e, por fim, as escandalosas negociações de terrenos em que imóveis do município foram desvalorizados e vendidos por baixos valores, enquanto que terrenos de alguns particulares, uma vez mais, são pagos a “peso de ouro”.
Não existem, então, aspectos positivos que se possam evidenciar nestes dois mandatos? Naturalmente que sim. Porém, face às oportunidades perdidas e ao volume de dívida assumido, para a história ficará a hipoteca do nosso futuro e a contracção de um empréstimo de 34 milhões de euros que, só em juros, irá custar a todos os oliveirenses mais de 16 milhões de euros.
Entretanto, na assembleia municipal, sem levantar qualquer questão ou obstáculo que fizesse Ápio Assunção mudar de “rumo”, Hermínio Loureiro lá orientou e seguiu as “pisadas do caminho certo”.
Por isso e, sem perceber que o seu tempo e caminho tinham chegado ao fim, há uns meses atrás Ápio Assunção confessava-se “apaixonado por Azeméis” e disponibilizava-se para continuar a “caminhada”. Porém, sem surpresas, foi obrigado a abandonar o “trilho”. É que, aqueles que o “endeusaram” e a quem serviu são os mesmos que agora clamam pelo outro “homem certo”.
É a experimentada estratégia do “vinho velho em pipas novas” que, de forma sistemática, o PSD tem vindo a usar para convencer os oliveirenses de que “agora é que é”…
Não, Oliveira de Azeméis não precisa de um “homem providencial”. O concelho exige respeito e, sobretudo, precisa de equipas que com trabalho, rigor e seriedade, sejam capazes de não ceder a interesses instalados.
O município dispensa um “iluminado”, pois dispõe de mulheres e homens que, com coragem e determinação, saberão “o que” e “como fazer” para promover as necessárias mudanças e alavancar o desenvolvimento do nosso concelho.
Manuel Alberto Pereira
Hoje, mais do que nunca, as expectativas face ao futuro são baixas. É óbvia a impotência de diferentes líderes em negociar estratégias e soluções com vista a evitar o colapso do sistema financeiro em que assentaram poderosas instituições bancárias e bolsistas agora em apuros.
Há argumentos que, de tão utilizados, se tornaram dogmas, certezas tidas como plausíveis sem que, na verdade, encontrem eco numa qualquer realidade. Assim é quando uma oposição, independentemente do papel a que se preste e da sua qualidade, tem que conviver com o estigma de ser isso mesmo: oposição, obstáculo, entrave, discórdia, resistência. Mesmo quando os factos não permitem leituras diferentes, quando o erro é óbvio e clamoroso, acaba‐se sempre por desconfiar que tanto alardo é apenas por serem os outros, os da oposição. A estes, muitas vezes, nem as evidentes consequências que o tempo acaba por mostrar, parecem fazer justiça.
Não é novidade nenhuma para ninguém dizer que Oliveira de Azeméis é um dos concelhos mais industrializados do país. Segundo os números apresentados pela AECOA (Associação Empresarial do concelho de Oliveira de Azeméis), encontram-se “registadas” no nosso concelho um total de 1920 empresas distribuídas pelo território das nossas dezanove freguesias. Destas, 7 são referenciadas como grandes empresas, 92 médias, 520 pequenas e 1301 micro-empresas. Números reveladores da forte iniciativa privada existente no nosso concelho e do forte empreendorismo dos nossos empresários. Estas empresas, que se distribuem pelos sectores primário, secundário e terciário da actividade económica deste país, embora o sector mais pujante seja o sector da actividade industrial, empregam um total de 26 638 trabalhadores. Este é, sem dúvida, o grande motivo de orgulho oliveirense, um tecido empresarial forte, quer em quantidade quer em qualidade, o grande motor de criação de riqueza no nosso concelho que faz com que, tenhamos em Oliveira de Azeméis uma das mais baixas taxas de desemprego do nosso país.
Sendo, sem dúvida alguma, o mais importante instrumento de gestão, o Plano Director Municipal constitui a matriz em que assentam a esmagadora maioria dos actos de gestão municipal, pelo que dentro do quadro legalmente estabelecido, importa interpretar e ajustar a sua execução àquilo que são as exigências de cada momento e às características próprias de cada território.
Numa altura em que tanto se fala de crise; numa altura em que a crise é tão generalizada, quer geográfica, quer sectorialmente, a palavra de ordem e sobretudo a atitude para a combater é o investimento – esta é, de resto e entre outros, a opinião de Paul Krugman, professor de Ciências económicas, na Universidade de Princeton, colunista habitual do “The New York Times” e mais recente prémio Nobel da economia. Devemos, todos ter a humildade suficiente para aprender com quem, reconhecidamente, sabe mais que nós e tem atrás de si obra de reconhecido mérito; mérito que, há quinze dias atrás, foi reconhecido pela Real Academia das Ciências Sueca, com a atribuição deste Nobel.


