Há argumentos que, de tão utilizados, se tornaram dogmas, certezas tidas como plausíveis sem que, na verdade, encontrem eco numa qualquer realidade. Assim é quando uma oposição, independentemente do papel a que se preste e da sua qualidade, tem que conviver com o estigma de ser isso mesmo: oposição, obstáculo, entrave, discórdia, resistência. Mesmo quando os factos não permitem leituras diferentes, quando o erro é óbvio e clamoroso, acaba‐se sempre por desconfiar que tanto alardo é apenas por serem os outros, os da oposição. A estes, muitas vezes, nem as evidentes consequências que o tempo acaba por mostrar, parecem fazer justiça.
Oliveira de Azeméis é um fiel exemplo de tudo isto. Por cá, apresentam-nos com grande pompa e circunstância obras que, de emblemático, apenas têm o atraso da sua execução. Por cá, apresentam‐nos um slogan (“Azeméis é vida”) que apenas é lembrado pela exaustão com que é citado, porque de outra forma será esquecido por não ter correspondência real. Por cá, vai passando a ideia de que melhor será impossível, de que nada poderia ter sido diferente, de que não vale a pena experimentar mudar. Afinal, Oliveira de Azeméis já é vida, para quê mais?
Dirão os mais atentos que o segundo parágrafo contradiz o primeiro e que, sem me aperceber, acabo por beber do meu próprio fel. Não, de maneira nenhuma. São apenas as constatações de um jovem que, minimamente atento e conhecedor de outras realidades, não pode deixar de se sentir incomodado. Porque, tal como no longínquo reinado do rei educador, hoje se querem fazer passar as misérias por rosas.
Se me ficasse por aqui, seria apenas mais um a justificar o tal dogma. O reconhecimento dos problemas é apenas o primeiro passo de uma qualquer reflexão. Existem, ponto. Há soluções? Sem dúvida. Consigo apontá‐las? Sem dificuldade. Acho possível mudar? Absolutamente.
A questão não é se há ou não obra feita, se temos evoluído ou não, se o progresso, mesmo que lento, vai também passando por aqui. O que pergunto, e me pergunto, é simples: não teria sido possível fazer mais, muito mais?
Não espero respostas, apenas que cada um reflicta com sinceridade, sem se sentir obrigado a, por posições anteriores, defender o indefensável.
Num concelho que já foi apontado como exemplo de progresso e que hoje, volvidos mais de trinta anos, apresenta em muitas áreas os piores índices do país, pergunto mais uma vez: não será possível fazer mais, muito mais? Num concelho que tem gentes dinâmicas, um associativismo exemplar, empresários com garra, empresas de dimensão, trabalhadores esforçados, não devemos esperar mais?
O argumento não é se estamos bem assim e se o que temos é bom. O argumento é que podemos estar melhor e ter muito mais, exigir muito mais. Às vezes tenho vontade de me ultrapassar e de sair pela rua a dizer isso mesmo, que existe muito mais mundo do que aquele com que nos querem calar. Porque no fundo, o que faz falta, o que faz falta é avisar a malta...
Oliveira de Azeméis é um fiel exemplo de tudo isto. Por cá, apresentam-nos com grande pompa e circunstância obras que, de emblemático, apenas têm o atraso da sua execução. Por cá, apresentam‐nos um slogan (“Azeméis é vida”) que apenas é lembrado pela exaustão com que é citado, porque de outra forma será esquecido por não ter correspondência real. Por cá, vai passando a ideia de que melhor será impossível, de que nada poderia ter sido diferente, de que não vale a pena experimentar mudar. Afinal, Oliveira de Azeméis já é vida, para quê mais?
Dirão os mais atentos que o segundo parágrafo contradiz o primeiro e que, sem me aperceber, acabo por beber do meu próprio fel. Não, de maneira nenhuma. São apenas as constatações de um jovem que, minimamente atento e conhecedor de outras realidades, não pode deixar de se sentir incomodado. Porque, tal como no longínquo reinado do rei educador, hoje se querem fazer passar as misérias por rosas.
Se me ficasse por aqui, seria apenas mais um a justificar o tal dogma. O reconhecimento dos problemas é apenas o primeiro passo de uma qualquer reflexão. Existem, ponto. Há soluções? Sem dúvida. Consigo apontá‐las? Sem dificuldade. Acho possível mudar? Absolutamente.
A questão não é se há ou não obra feita, se temos evoluído ou não, se o progresso, mesmo que lento, vai também passando por aqui. O que pergunto, e me pergunto, é simples: não teria sido possível fazer mais, muito mais?
Não espero respostas, apenas que cada um reflicta com sinceridade, sem se sentir obrigado a, por posições anteriores, defender o indefensável.
Num concelho que já foi apontado como exemplo de progresso e que hoje, volvidos mais de trinta anos, apresenta em muitas áreas os piores índices do país, pergunto mais uma vez: não será possível fazer mais, muito mais? Num concelho que tem gentes dinâmicas, um associativismo exemplar, empresários com garra, empresas de dimensão, trabalhadores esforçados, não devemos esperar mais?
O argumento não é se estamos bem assim e se o que temos é bom. O argumento é que podemos estar melhor e ter muito mais, exigir muito mais. Às vezes tenho vontade de me ultrapassar e de sair pela rua a dizer isso mesmo, que existe muito mais mundo do que aquele com que nos querem calar. Porque no fundo, o que faz falta, o que faz falta é avisar a malta...
Bruno Aragão. Artigo publicado no jornal "A Voz de Azeméis" a 27 de Novembro de 2008.